Região Gandaresa

A fixação da população e o desenvolvimento de uma identidade territorial designada por “Região Gandaresa” suscita o desenvolvimento deste território e a promoção das suas particularidades e características ímpares que se acredita serem propícias ao desenvolvimento turístico.

Este território foi-se modificando e adaptando com o passar do tempo, e que atualmente tem assente nos seus municípios uma identidade que é praticamente comum a todos aqueles que estão abrangidos pela “Região Gandaresa” (direta ou indiretamente).

A origem e definição da palavra ‘Gândara’, dá significado e lógica a este território. As presenças culturais no território com origem pré-romana, do latim ibérico gandĕra-, «idem», do castelhano gândara, «charneca; gândara», demonstram que se trata de um “terreno despovoado mas coberto de plantas agrestes; charneca” ou “terreno arenoso pouco produtivo ou estéril”, identifica este território (dicionário da Porto Editora [1]). Caracteriza-se pelos terrenos arenosos, planos, alagadiços e pouco produtivos (Cravidão, 1992; Pinto, 2009; Lopes et al., 2007; Carlos, 2015; Oliveira, 2014).

A origem desta palavra pode ter surgido no pré-romano. Em Portugal Continental tem a sua expressão na zona Centro e no Norte, mas também em território espanhol, na região da Galiza e Astúrias (Oliveira, 2010). Tavares (2016) também indica que a palavra Gândara indicia ‘lugares’ – no caso português – entre as bacias do Vouga e o rio Mondego.

No que diz respeito à sua caracterização geográfica “[…] constitui uma subunidade regional no Centro Litoral Português que abrange cerca de 500 Km2, de morfologia plana e solos essencialmente arenosos, onde domina o clima mediterrânico com influência do Atlântico. É um espaço recentemente ocupado, cuja densidade populacional passou, em cerca de 200 anos, de 7 para 100 hab./km2” (Cravidão, 1992, p. 11), fazendo deste um espaço que criou oportunidades de crescimento e desenvolvimento para a fixação de pessoas.

Para além desta fixação recente, a sua própria delimitação é diferente consoante a tipologia de estudos e a própria visão dos autores, que divergem em certos aspetos:

- Municípios: Cantanhede; Figueira da Foz; Mira; Vagos; Montemor-o-Velho (Carlos, 2015; Raposeiro, 2015; Cação, 1999).

- Delimitação pela Ria de Aveiro a norte, e os campos do Mondego, a sul; pela Bairrada, a leste, e as dunas do litoral / mar, a oeste (Dias et al., 1959; Raposeiro, 2015).

- Linha “Norte-Sul”: Quintãs (Oliveirinha, Aveiro) e Febres (Cantanhede, Coimbra) (Cravidão, 1992; Tomé, 2015).

- Serra da Boa Viagem (limite sul) e Gafanha, Aveiro (limite norte) (Gaspar, 1970; Tomé, 2015).

- Calcários de Ançã: considerando-os o “[…] limite natural do espaço gandarês e de terras de feição gandaresa (Reigota, 2000).

Assim, o espaço geográfico que delimita a região da Gândara integra municípios do Litoral Centro (territórios das Comunidades Intermunicipais da Região de Aveiro e da Região de Coimbra). Para este projeto, foram considerados os municípios de Vagos, Mira e Cantanhede, percebendo que a arquitetura e memória gandaresa se disseminaram por outros territórios, e considerámos:

- Territórios primários da região gandaresa: Vagos, Mira e Cantanhede

- Territórios adjacentes da região gandaresa: Aveiro, Ílhavo, Oliveira do Bairro, Anadia, Mealhada, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz.